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segunda-feira, 9 de março de 2015

Que país é este?

    Na última sexta-feira peguei o metrô umas cinco da tarde para voltar para casa e aproveitei que estava sentado para passar para o caderno a lição de francês. Umas duas estações depois entrou um jovem mal encarado com som alto e cantarolando. Na letra das músicas pareciam bandidos já justificando pelos crimes cometidos alegando a falta de oportunidade.  Quando o jovem se sentou do meu lado pensei no possível contrate a ser notado por todos os que lotavam o vagão voltando cansados e apertados no vagão entre eu e ele. Ele reclamava cantando alto como a gritar frases de ordem enquanto eu estudava e vinha do trabalho.
    Não ignoro que vivo em um país desigual porque sempre estudei em escola pública, que tive de trabalhar para pagar a faculdade que coube no bolso e que só pude realizar sonhos como o de viajar ao exterior depois de adulto e já com anos de carreira. Porque devo olhar para outro jovem que tem as mesmas condições que eu e prefere passar a vida se vendo como eterno condenado à um gueto imaginário como um coitado meramente desfavorecido. Ainda mais quando esta visão justifica à ele me roubar ou até me matar.
    Isso é o que mais me assusta neste país e me faz crer que sempre seremos o país de um futuro que nunca chega. Que espanta os que querem oportunidades de vencer pelo seu esforço enquanto pena para garantir os privilégios de todos aqueles que acham que precisam deles. Em que o cidadão de bem vive preso para que o ‘pobre coitado’ tenha a n-ésima oportunidade de assaltar e roubar. Em que todo mundo dá o seu ‘jeitinho’ enquanto reclama da corrupção dos próprios políticos que teima em eleger.
    Que país é este?


Evandro Veloso Gomes

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