Páginas

domingo, 16 de setembro de 2018

Debates e a eleição

Toda hora tem gente me pedindo para ver uma determinada entrevista de algum candidato. Como se determinada merda falada pelo mesmo devesse mudar alguma coisa no processo eleitoral. Desculpem mas se seres humanos normais deveriam adaptar sua noção de realidade aos fatos, o brasileiro sempre tenta mudar sua noção de fato para se encaixar na sua 'realidade'. "Não é que a fosfoetanolamina não funcione, é a indústria farmacêutica que está boicotando". "Não é que o Bolsonaro não esteja com maioria absoluta é que o Foro de São Paulo manipula as pesquisas". "Lula é inocente, não há provas no processo".
Para um eleitor que pensa mais com a bunda do que com o cérebro, os candidatos já estão devidamente preparados usando frases de efeito e argumentos previamente discutidos com marqueteiros. As entrevistas do Jair Messias Bolsonaro e do Fernando Haddad foram um show de merda. Mas eles não falaram nada do que já não falassem antes. Nem que para isso tivessem de fugir claramente do que foi perguntado ou inventar fatos e versões que contrariam qualquer raciocínio lógico. Ainda que cada lado veja no outro uma sucessão de erros e besteiras nenhum lado vai mudar de lado porque simplesmente foi mais do mesmo.
Se houve algo curioso com as entrevistas dos candidatos no Jornal Nacional é que todos acham que saíram vencedores e todos acharam que lutaram contra uma mídia mancomunada. Os bolsonaristas dizem que a Rede Globo é comunista, os petistas que defende os interesses dos grandes grupos capitalistas.
O eleitor brasileiro tem de ser estudado porque parece que já nasce sem nenhuma capacidade de pensar racionalmente. Enquanto esse for o eleitor que nós tivermos debates e entrevistas vão ser apenas circo.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Mr. Catra e o Estado Laico

O caso de Mr. Catra é mais um que mostra como nossos legisladores (deputados e senadores) em nome de uma certa visão idealizada do Estado são capazes de se distanciar da vida real. Mr. Catra viva com relação marital com quatro mulheres em um país em que poligamia é crime. Portanto, quão muito, pode ter sido legalmente com apenas uma delas, restando às demais, no máximo, um reconhecimento de união estável, se o conseguiram. Isso significa que embora quatro mulheres tenham vivido com ele, dependido dele e feito filhos com ele, sem um testamento apenas uma delas terá direito à herança.
Deveria ser claro que o papel de um Estado verdadeiramente laico não deveria julgar se algo da esfera privada é recomendado ou aceitável mas regulamentar aquilo que a sociedade já é de fato. Mas em um governo cada vez mais teocrático, com os claros esforços da bancada evangélica, somos obrigados a viver em uma sociedade para a qual gays, prostitutas e relacionamentos poliamorosos, dentre outros, parecem simplesmente não existir.
O primeiro candidato à presidente que REALMENTE se comprometer com o Estado LAICO terá o meu voto!